Como fazer?
Essa experiência, ao contrário da primeira, não me permitiu muitas divagações ou construções prévias. Abismo. Mas, um outro tipo de abismo, aquele em que temos que nos jogar para só depois decidir muito rapidamente como iremos cair, chegar ao chão. E foi este o único conceito que norteou a experiência: jogar-se.
Meu primeiro encontro com o figurino aconteceu uma hora antes de os espectadores chegarem. Deixei qualquer conhecimento teatral do lado de fora da cloaca daquele “bicho” pendurado no meio da sala. Apenas invadi aquela estranha intimidade para explorar suas passagens, seus buracos, sua malemolência, suas permissões. Meu intento era somente aquele de brincar com os túneis e limites que a roupa - roupa? - me oferecia. O que seria aquilo? Também não me ocupei em responder a essa pergunta. Sem questões, apenas ações.
O corpo físico – meu, daquele ser e um terceiro, decorrente da junção entre nós dois – conduziu o experimento. Algo de muito intuitivo, instintivo, dominou o acontecimento, chegando a instantes de aproximações claras com o animalesco, talvez também supressão da fala.
Cansaço; calor; suor; decisões físicas; exaustão – uma série de imagens, sons, associações, tensões e tentativas perpassaram o lugar do estranho, do objeto não identificado, mas gerador de expressões pujantes, presentes; sem questões para o momento.
S.N.
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